Boletim Epidemiológico 2022
Confira nosso texto elaborado a partir do boletim epidemiológico de 2022 e entenda como está o monitoramento de casos de doenças transmitidas por Aedes aegypti
Por Bruna Monteiro
O Boletim Epidemiológico tem como objetivo a disseminação de informação dos casos de monitoramento de doenças endêmicas, sazonais e de notificação obrigatória, como é o caso das arboviroses. Essa ferramenta, disponível para toda a população, pode ser usada tanto por instituições privadas como órgãos públicos para o desenvolvimento de ações e estratégias de combate e prevenção dessas doenças. Apesar de tratarmos aqui do boletim epidemiológico de nível nacional, a Secretaria de Saúde de cada estado também disponibiliza boletins informativos acerca das doenças sazonais para seus respectivos estados, permitindo assim o desenvolvimento de ações ainda mais específicas.
Todos os anos, o Ecologia e Saúde traz em seu portal um resumo do Boletim do Ministério da Saúde, referente a arboviroses, e este ano não foi diferente. O Boletim Epidemiológico do ano de 2022 foi publicado dia 12 de janeiro de 2023, e se refere às datas de 02/01/2022 (semana 1) até 31/12/2022 (semana 52). A publicação compara as ocorrências de Dengue, Chikungunya e Zika com os números dos 3 anos anteriores.
Dengue
Até o final do monitoramento de 2022 (02/01/2022 até 31/12/2022) foram notificados 1.450.270 casos prováveis de Dengue no Brasil, isto é, casos notificados com base em sintomas clínicos, sem confirmação laboratorial. No gráfico abaixo (Figura 1), podemos ver a comparação das semanas epidemiológicas de 2022 e dos três anos anteriores. Se observarmos o ano de 2019 (linha verde), podemos ver que apresenta números muito similares ao ano de 2022 (linha vermelha), apesar disso o ano de 2022 apresenta uma redução pequena de cerca de apenas 90.000 casos, quando comparada com os números de casos prováveis em 2019.
VOCABULÁRIO
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Boletim epidemiológico: Estudo da distribuição, frequência e fatores determinantes das doenças existentes em populações humanas definidas.
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Vírus: É um agente infeccioso microscópico que usa células para se multiplicar.
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Arboviroses: Doença causada por um vírus transmitido por artrópodes (insetos e aracnídeos).
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Dengue: É uma doença viral, transmitida por picadas do mosquito fêmea do Aedes Aegypti, caracterizada por dores no corpo, febre, com manchas no corpo, entre outras.
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DENV: tipo de dengue por nível de gravidade dos sintomas, sendo 1 o mais leve e 4 o mais forte.
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Sorotipo: classificação que a dengue recebe, neste caso, por nível de gravidade dos sintomas que as pessoas sofrem com a doença.
Confira nossos textos elaborados a partir de dados sobre o monitoramento dos casos de
doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
Figura 1. Curva epidêmica dos casos prováveis de dengue, por semana epidemiológica de inícios de sintomas. No eixo x, temos as semanas epidemiológicas de 1 a 52 sendo correlacionado com o número de casos prováveis no eixo y. Podemos observar a alta variação no número de casos ao longo das semanas, como no ano de 2022, onde a semana 2 apresenta aproximadamente 10 mil casos, e a semana 17 que atinge a marca de 100 mil casos (Fonte: Sinan Online).
A maior alta de notificação dos casos prováveis de dengue coincide todos os anos com as semanas 1 a 25, referente aos meses de janeiro a maio, e é conhecida como período sazonal da doença, momento do calendário epidemiológico onde já espera-se uma alta no número de casos, isto pode ser observado no gráfico 1, onde esse período apresentam curvas acentuadas.
Se por um lado o ano de 2019 apresenta curva similar a 2022, os anos de 2020 e 2021 já apresentam curvas bem distintas, com o ano de 2022 apresentando quase o dobro do número de casos prováveis para a doença para a mesma época em relação aos dois anos anteriores. Isso é evidente quando vemos que o pico dos casos da doença para 2022 foram 100.000 casos prováveis de dengue e ocorreram entre a semana 15 e 18, enquanto que em 2021 o número de casos no pico não chegou a 50.000 casos prováveis de dengue. Por outro lado, em 2020, apesar do pico ter sido ainda bem menor do que em 2022 e 2019 — cerca de 60.000 casos — ele ocorreu próximo a 10ª semana do calendário epidemiológico, bem mais adiantado em relação aos outros anos.
As regiões que apresentaram maior taxa de incidência da doença no ano de 2022 foram Centro-Oeste e Sul, com números superiores a 1.000 casos a cada 100 mil habitantes, seguidas pela região Sudeste, Nordeste e Norte que apresentaram números inferiores a 600 casos a cada 100 mil habitantes.
A publicação também confirmou 1.016 óbitos por dengue e 109 óbitos ainda em investigação. Ainda, foram solicitados mais de 25 mil exames até a semana 44 para identificação dos sorotipos da dengue (DENV1, DENV2, DENV3, DENV4). O DENV1 foi o mais detectado, aparecendo em 21.350 dos exames, o DENV2 foi em segundo lugar a mais presente nos exames, com 4.018 notificações, a DENV3 apresentou apenas 1 caso notificado no estado do Rio Grande do Norte. Nenhum caso de DENV4 foi confirmado no país.
Apesar dos dados alarmantes acerca dos aumentos no número de casos das arboviroses em 2022, quando comparadas com os anos de 2020 e 2021, é importante destacar que já existem estudos como o do Lisboa (2022) que associam essa oscilação nos anos de 2020 e 2021 às mobilizações para detecção da Covid-19 e a situação de isolamento social da população que podem ter contribuído para a subnotificação dos casos prováveis de arboviroses, o que explicaria a redução desses casos a partir de 2020.
Chikungunya
Para a Chikungunya foram notificados 174.517 casos prováveis para a doença. Comparando com o ano de 2019, linha azul no gráfico abaixo (Figura 2), 2022 (linha vermelha) teve um leve aumento no número de casos, já quando comparado com 2020 e 2021 (linha laranja e cinza, respectivamente), houve um aumento de quase o dobro de casos prováveis.
Todos os sete municípios citados com maior registro de casos da doença se localizam na região Nordeste — que apresentou a maior incidência da doença no país e também a maior concentração de óbitos — dos 94 óbitos do país pela chikungunya, 39 ocorreram no estado do Ceará.
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Chikungunya: É uma doença viral transmitida por mosquitos infectados com o vírus e pode causar dores musculares, dores de cabeça, náuseas, fadiga e erupções na pele;
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Taxa de incidência: É definida como o número de casos novos de uma doença ou outra afecção de saúde, dividido pela população em risco da doença (população exposta) em um espaço geográfico durante um tempo especificado;
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Zika: É uma doença caracterizada por manchas vermelhas, pode causar febre, dores pelo corpo e nas juntas;
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Óbitos: É o plural de óbito. O mesmo que: decessos, definhamentos, estiolamentos, falecimentos, mortes, passamentos.
Figura. 2. Curva epidêmica dos casos prováveis de Chikungunya, por semana epidemiológica de inícios de sintomas. No eixo x temos as 52 semanas do calendário epidemiológico, sendo correlacionadas com o número de casos prováveis no eixo y. Aqui já é possível notar a diferença na magnitude dos números no eixo y, em relação ao gráfico da dengue (Fonte: Sinan Online).
Zika
Os dados referentes ao Zika registraram 9.204 casos prováveis até a semana 48 de 2022, indicando uma incidência baixa para a doença quando comparada com as outras arboviroses citadas no boletim. Novamente, as curvas entre os anos de 2019 e 2022 se assemelham (Figura 3), enquanto que ambos os anos de 2020 e 2021, apresentaram queda nos números quando comparados a 2022.
Figura 3. Curva epidêmica dos casos prováveis de Zika, por semana epidemiológica de inícios de sintomas. Observamos que a grande alta no número de casos ocorreu na semana 20 do calendário epidemiológico, em outras palavras, o pico desta doença foi atingido mais tarde do que na Dengue e Chikungunya, visto que na semana 20 as duas doenças já apresentavam queda no número de casos (Fonte: Sinan Online).
A região Nordeste apresentou a maior incidência dos casos de Zika, e apesar da região Norte ter garantido o segundo lugar, dos sete municípios com maior número de casos prováveis da doença, cinco se localizam na região Norte do país.
Apesar da similaridade entre as curvas, os três gráficos apresentam grandes diferenças quanto a magnitude dos números de casos prováveis (eixo y), enquanto o gráfico da dengue (Figura 1) os números são expostos em intervalos de 20.000, os casos da Chikungunya já apresentam intervalos de 2.000 (Figura 2). Ainda menor em magnitude, estão os casos de Zika, que são apresentados no gráfico (Figura 3) em intervalos de 50.
Os números de casos citados no Boletim devem ser usados como alerta para práticas de conscientização e para o desenvolvimento de ações que foquem no combate das arboviroses. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância à Saúde, realizou diversas ações ao longo de 2022, que visam aprimorar o combate a transmissão das arboviroses citadas no boletim; algumas delas foram: Distribuição de inseticidas pelos estados brasileiros, visitas técnicas, oficinas, capacitações presenciais e online, webinários, workshops internacionais e até eventos em conjunto com a OMS.
Nossa equipe do Ecologia e Saúde também realizou diversas ações na cidade de Foz do Iguaçu no ano de 2022. Visando a conscientização ao combate da transmissão das arboviroses, produzimos diversos conteúdos de divulgação científica em nosso perfil no Instagram e aqui no nosso Portal, também realizamos atividades com crianças em Escolas municipais e na Biblioteca da Infância e Juventude Iguaçuense (BIJI).
Bibliografia consultada:
BRASIL, Semanas Epidemiológicas. Monitoramento dos casos de arboviroses até a semana epidemiológica 52 de 2022. Boletim Epidemiológico, v. 58, n. 01, 2023. Disponível em: Boletim Epidemiológico - Volume 54 - nº 01 — Ministério da Saúde (www.gov.br)
BRASIL, Semanas Epidemiológicas. Monitoramento dos casos de arboviroses até a semana epidemiológica 50 de 2022. Boletim Epidemiológico, v. 53, n. 47, 2022. Disponível em: Boletim Epidemiológico Vol.53 Nº47 — Ministério da Saúde (www.gov.br)
LISBOA, Thiago Rodrigues et al. Relação entre incidência de casos de arboviroses e a pandemia da COVID-19. Revista interdisciplinar de Ciência Aplicada, v. 6, n. 10, p. 31-36, 2022.
Boletim Epidemiológico 2021
Confira nossos textos elaborados a partir de dados sobre o monitoramento dos casos de
doenças transmitidas pelo Aedes aegypti para o ano de 2021.
Por Henrique Rubino
No dia 30 de agosto de 2021, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde publicou o Boletim Epidemiológico de 2021, no qual foram apresentados os dados disponíveis entre os dias 03/01 (semana 1) e 21/08/2021 (semana 33 do Calendário Epidemiológico). O boletim compara os resultados de ocorrência das arboviroses: dengue, zika e chikungunya, com os dados de 2020.
Até a semana 33, foram notificados 457.246 casos prováveis de dengue no Brasil. Se comparado com o ano de 2020, houve uma redução de 50,9% no número de casos registrados para o mesmo período analisado. Destaca-se na região Centro-Oeste os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que apresentaram maior taxa de incidência da doença no país.
No gráfico a seguir, são apresentados os números dos casos prováveis de dengue no Brasil por semana epidemiológica:
VOCABULÁRIO
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Boletim epidemiológico: Estudo da distribuição, frequência e fatores determinantes das doenças existentes em populações humanas definidas.
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Vírus: É um agente infeccioso microscópico que usa células para se multiplicar.
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Arboviroses: Doença causada por um vírus transmitido por artrópodes (insetos e aracnídeos).
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Dengue: É uma doença viral, transmitida por picadas do mosquito fêmea do Aedes Aegypti, caracterizada por dores no corpo, febre, com manchas no corpo, entre outras.
Figura 1: Curva epidêmica dos casos prováveis de dengue por semana epidemiológica de início de sintomas, Brasil, 2020 e 2021. Fonte: Sinan Online.
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Chikungunya: É uma doença viral transmitida por mosquitos infectados com o vírus e pode causar dores musculares, dores de cabeça, náuseas, fadiga e erupções na pele;
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Taxa de incidência: É definida como o número de casos novos de uma doença ou outra afecção de saúde, dividido pela população em risco da doença (população exposta) em um espaço geográfico durante um tempo especificado;
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Zika: É uma doença caracterizada por manchas vermelhas, pode causar febre, dores pelo corpo e nas juntas;
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Óbitos: É o plural de óbito. O mesmo que: decessos, definhamentos, estiolamentos, falecimentos, mortes, passamentos.
No gráfico acima (Figura 1), as barras em cinza representam o número de casos prováveis de dengue no ano 2020, e a linha vermelha representa os dados do ano de 2021. O gráfico demonstra que até a semana 27, o número de casos prováveis de dengue no país foi menor do que no ano anterior. Isto pode estar relacionado com o receio da população em procurar atendimento em unidades de saúde, bem como com atrasos e subnotificações, causados pela mobilização das equipes de vigilância epidemiológica estaduais para o enfrentamento da emergência da pandemia do coronavírus (Covid-19).
Sobre os dados de chikungunya , foram notificados 74.410 casos prováveis, sendo que a região Nordeste, seguida pelo Sudeste e Centro Oeste, apresentaram maiores taxas de incidência.
Foram notificados também 4.272 casos prováveis de zika até a semana 31, em que a taxa de incidência foi de 2,8 casos por 100 mil habitantes. O destaque vai para os estados do Mato Grosso e Acre que apresentaram maiores taxas de incidência.
Casos graves e óbitos
Foram confirmados 270 casos de dengue grave e 3.318 casos de dengue com sinais de alarme, sendo que 188 desses casos permanecem em investigação até a data de publicação do boletim. Até o momento foram confirmados 173 óbitos por dengue, com maior concentração nas regiões Sudeste (São Paulo), Sul (Paraná), Centro-Oeste (Goiás) e Nordeste (Ceará), (Figura 2) e outros 64 permanecem ainda em investigação.
Em relação à chikungunya foram confirmados 8 óbitos por critério laboratorial, distribuídos nos estados de São Paulo, Sergipe, Espírito Santo, Bahia e Minas Gerais. Por outro lado, não houve registro de óbitos confirmados por zika no país.
Figura 2: Distribuição de óbitos confirmados por dengue, por município, Brasil, SE 1 a 33/2021. Fonte: Sinan Online.
Dados laboratoriais
Entre as semanas epidemiológicas 1 e 33 de 2021, foram testadas 251.275 amostras para diagnóstico de dengue. Descobriu-se que o DENV-1 foi o sorotipo predominante, detectado em 52,1% das amostras testadas no país, seguido pelo DENV-2 com 47,9% das amostras testadas no período analisado, sendo mais encontrado nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Nordeste.
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DENV: tipo de dengue por nível de gravidade dos sintomas, sendo 1 o mais leve e 4 o mais forte.
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Sorotipo: classificação que a dengue recebe, neste caso, por nível de gravidade dos sintomas que as pessoas sofrem com a doença.
Figura 3: identificação de sorotipos DENV (A), por unidade Federada, SE 1 a 33, 2021. Fonte: CGLAB.
Na figura 3, a cor branca representa os estados do Amapá, Roraima, Piauí, Sergipe e Alagoas onde, até o momento, não existe informação sobre identificação do sorotipo circulante de DENV. A cor creme representa os estados do Rio Grande do Sul, Rondônia e o Distrito Federal onde o predominante foi o sorotipo DENV-1, enquanto a cor amarela representa os estados do Espírito Santo e Pernambuco onde o DENV-2 foi o sorotipo predominante. A cor laranja representa os estados do Amazonas, Acre, Pará, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e a região Centro-Oeste, onde foi possível detectar a circulação dos sorotipos DENV 1 e 2. Finalmente, a cor vermelha representa o estado da Bahia, onde houve detecção viral dos sorotipos DENV 1, 2 e 3.
Em relação à detecção viral de Chikungunya (CHIKV) no Brasil, os estados do Amazonas, Roraima, Pará, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e as regiões Sul e Sudeste em cor verde representam os locais nos quais houve identificação do vírus causador dessa arbovirose. Já a cor branca representa as regiões onde não foi identificada a presença da arbovirose (Figura 4).
Figura 4: identificação de sorotipos CHIKV (B), por unidade Federada, SE 1 a 33, 2021. Fonte: CGLAB.
No caso da Zika (ZIKV), a detecção viral foi positiva apenas nos estados do Amazonas, Roraima, Piauí, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Rio de Janeiro, sendo representados pela cor azul (Figura 5).
Figura 5: identificação de sorotipos ZIKV (C), por unidade Federada, SE 1 a 33, 2021. Fonte: CGLAB.
A fim de promover o combate e a prevenção dessas doenças, foram promovidas algumas ações, como seminários, distribuição de inseticidas nos estados, webinar para controle do Aedes aegypti, campanhas que visam ao combate do Aedes aegypti, videoconferências para apoiar a divulgação do status das ações, suporte técnico, dentre outras.
Para acessar o Boletim completo basta clicar aqui!
Fonte das figuras: Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, 2021:
Disponível em: <Monitoramento dos casos de arboviroses urbanas causados por vírus transmitidos pelo mosquito Aedes (dengue, chikungunya e zika)>. Acesso em: 02 de Set de 2021.
Boletim epidemiológico 2019-2020
Dados sobre o monitoramento dos casos de
doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
No dia 20 de julho de 2020, a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde publicou o boletim epidemiológico de 2020, no qual apresentou um estudo dos dados disponíveis entre o dia 29 de dezembro de 2019 (semana 1 do Calendário epidemiológico) até o dia 27 de junho de 2020 (semana 26). O boletim trouxe uma comparação dos dados das arboviroses dengue, zika e chikungunya com os de 2019.
Até a semana 26, foram identificados 874.093 casos prováveis de dengue no Brasil. Destacam-se os estados de Acre, Bahia, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, que apresentaram valores superiores ao valor médio de incidência nos estados brasileiros.
No gráfico a seguir, são apresentados os números dos casos prováveis de dengue no Brasil por semana epidemiológica:
VOCABULÁRIO
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Boletim epidemiológico: Estudo da distribuição, frequência e fatores determinantes das doenças existentes em populações humanas definidas.
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Vírus: É um agente infeccioso microscópico que usa células para se multiplicar.
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Arbovirose: Doença causada por um vírus transmitido por artrópodes (insetos e aracnídeos).
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Dengue: É uma doença viral, transmitida por picadas do mosquito fêmea do Aedes Aegypti, caracterizada por dores no corpo, febre, com manchas no corpo, entre outras.
Figura 1: Curva epidêmica dos casos prováveis de dengue por semana epidemiológica de início de sintomas, Brasil, 2019 e 2020. Fonte: Sisan Online.
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Zika: É uma doença caracterizada por manchas vermelhas, pode causar febre, dores pelo corpo e nas juntas.
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Chikungunya: É uma doença viral transmitida por mosquitos infectados com o vírus e pode causar dores musculares, dores de cabeça, náuseas, fadiga e erupções na pele.
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Taxa de incidência: É definida como o número de casos novos de uma doença ou outra afecção de saúde, dividido pela população em risco da doença (população exposta) em um espaço geográfico durante um tempo especificado.
No gráfico acima (Figura 1), as barras em cinza representam o número de casos prováveis de dengue no ano 2019, e a linha vermelha representa os dados do ano de 2020. O gráfico demostra que até a semana 11, o número de casos prováveis de dengue no país foi maior do que no ano anterior. No entanto, a partir da SE 12 observa-se uma significativa redução dos casos prováveis comparados com o ano 2019. Isto pode estar relacionado com os atrasos e subnotificações, causados pela mobilização das equipes de vigilância epidemiológica estaduais para o enfrentamento da emergência da pandemia do coronavírus (Covid-19).
Em relação à chikungunya, foram notificados 48.316 casos prováveis, sendo que as regiões Nordeste e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência. Quanto aos estados, Bahia e o Espírito Santo concentraram 45,6% e 26,5% dos casos prováveis, respectivamente.
Foram notificados também 4.666 casos prováveis de zika, em que a taxa de incidência foi de 2,2 casos por 100 mil habitantes. A região Nordeste apresentou a maior taxa de incidência, com 5,1 casos por 100 mil habitantes. O destaque vai para o estado da Bahia, que concentra 45,8% dos casos. As regiões Centro-Oeste e Norte também apresentaram números significativos.
Casos graves e óbitos
Foram confirmados 663 casos de dengue grave e 8.066 casos de dengue com sinais de alarme, sendo que 501 desses casos permaneciam em investigação na data de publicação do Boletim. Houve também 415 óbitos por dengue, sendo que a maior concentração dos óbitos confirmados está nos estados da região Sul (Paraná), Sudeste (São Paulo) e Centro-Oeste (Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso). A faixa etária acima de 60 anos concentra 58,8% dos óbitos confirmados.
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Faixa Etária: Período de tempo que designa e limita um determinado número de anos da vida de uma pessoa ou de um grupo de pessoas.
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Óbitos: É o plural de óbito. O mesmo que: decessos, definhamentos, estiolamentos, falecimentos, mortes, passamentos.
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Acometidos: É o plural de acometido. O mesmo que: agredidos, atacados. Que se acometeu, que foi alvo da ação de algo.
Na figura 2, as barras vermelhas representam o número de óbitos femininos, e as barras azuis representam o número de óbitos masculinos. Observa-se uma distribuição semelhante em ambos os sexos. Destaca-se que a taxa de letalidade por dengue foi maior a partir dos 60 anos. Nessa categoria, os mais acometidos foram aqueles com 80 anos ou mais.
Figura 2: Distribuição dos óbitos confirmados por dengue, segundo sexo e faixa etária, Brasil, SE 26 de 2020
A partir da semana epidemiológica 10 observa-se uma redução de casos confirmados de dengue grave e dos óbitos em comparação ao ano de 2019. A redução pode ser atribuída à mobilização com o enfrentamento da emergência da pandemia do Covid-19.
Em relação à chikungunya, foram confirmados 11 óbitos por critério laboratorial, distribuídos nos estados da Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e Maranhão. Por outro lado, não houve registro de óbitos confirmados por Zika no país.
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Sorotipo: classificação que a dengue recebe, neste caso, por nível de gravidade dos sintomas que as pessoas sofrem com a doença.
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DENV: tipo de dengue por nível de gravidade dos sintomas, sendo 1 o mais leve e 4 o mais forte.
Dados laboratoriais
Entre as Semanas Epidemiológicas 1 e 26 de 2020, foram testadas 225.302 amostras para diagnóstico de dengue. Descobriu-se que o DENV-2 foi o sorotipo predominante, detectado em 79,8% das amostras testadas no país no período analisado, sendo mais encontrado nas Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Norte.
Na figura 3, a cor branca representa os estados do Amapá e Paraíba, onde até o momento, não existe informação sobre identificação do sorotipo circulante de DENV. A cor creme representa a região nordeste onde o mais predominante foi o sorotipo DENV-1, enquanto a cor amarela representa as regiões Sudeste, Centro-Oeste, Sul e Norte, onde o DENV-2 foi o sorotipo predominante. A cor laranja representa os estados de Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Tocantins, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás e Rio Grande do Sul, onde foi possível detectar a circulação de dois sorotipos o DENV 1 e 2. Finalmente, a cor vermelha representa os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, onde houve detecção viral dos sorotipos DENV 1, 2 e 4.
Figura 3: identificação de sorotipos DENV (A), por unidade Federada, SE 1 a 26, 2020.
Em relação à detecção viral de chikungunya (CHIKV) no Brasil, os estados do Amazonas, Rondônia, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás em cor verde respresentam os estados onde o vírus dessa arbovirose foi identificado (Figura 4). Por outro lado, a cor branca representa onde não foi identificada a arbovirose.
Figura 4: identificação de sorotipos CHIKV (B), por unidade Federada, SE 1 a 26, 2020.
Para o vírus zika (ZIKV), a detecção viral foi positiva nos estados do Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Paraíba, Sergipe, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul representado pela cor azul, pelo contrário a cor branca representa onde não foi identificado a arbovirose (Figura 5).
Figura 5: identificação de sorotipos ZIKV (C), por unidade Federada, SE 1 a 26, 2020.
A fim de promover o combate e a prevenção dessas doenças, foram promovidas algumas ações, como seminários, distribuição de inseticidas nos estados, treinamentos e capacitações, campanhas que visam ao combate do Aedes aegypti, videoconferências para apoiar a divulgação do status das ações, suporte técnico, dentre outras.
Para acessar ao boletim completo, clique aqui.
Fonte das figuras: Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, 2020: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/July/14/Boletim-epidemiologico-SVS-28-v2.pdf